quinta-feira, 3 de agosto de 2017

O presente




Esse vaso ganhei da minha mãe num final de ano, já há algum tempo. Na verdade é algo muito simples, mas que para mim tem um significado muito especial porque junto com o presente guardo a lembrança de um momento de felicidade dela.
A minha mãe sempre foi uma pessoa que tinha prazer em presentear as pessoas que amava, qualquer dinheirinho que ela ganhava logo gastava comprando algo para alguém; para os filhos, netos, amigas e quem ela tivesse vontade de dar presente. Não eram presentes caros porque ela sempre foi uma mulher de poucos recursos, dependia dos filhos, não tinha renda própria.
Nesse fim de ano, me lembro, tinha sido um ano difícil e ela não tinha dinheiro para comprar presentes para os filhos, os dos netos já havia comprado, esses nunca faltavam. Então a minha irmã lhe deu de presente uma quantia de dinheiro para ela usar do jeito que quisesse, foi então que ela correu no lugar mas próximo que ela podia ir, já era véspera de natal e as lojas já estavam fechando e ela comprou um vasinho de plantas suculentas e me trouxe antes de ir para sua casa. A felicidade dela era contagiante, estava muito feliz porque conseguiu comprar um presentinho para cada uma de suas filhas. Nunca esqueci desse momento. Ganhei muitos presentes dela, mas esse foi o que mais significou para mim porque junto com ele guardo a lembrança desse sorriso que iluminava seu rosto e que hoje, que ela não está mais entre nós, enche o meu coração de conforto por ter tido a oportunidade de vivenciar esse momento com ela.
As plantinhas que vieram no vaso não resistiram, já plantei outras, mas o vaso e o tronco com o passarinho são os mesmos que eu ganhei.
A gente pode ser eterno naquilo que a gente deixa, o que fica nas outras pessoas. Tanto faz o tempo que se fica aqui, o que vale é a intensidade de que se deixa no tempo que se fica.